
Tenho
pensado profundamente sobre o que o período eleitoral tem mostrado na prática e
chego à conclusão que, nunca se exalta tanto o ego como nessas ocasiões. É o
típico caso do ego de uns e egocentrismo de outros.
Ego de políticos que
se esmeram em se mostrar super-heróis, salvadores da pátria, milagreiros,
quando o mínimo que poderiam fazer era apenas exercerem a honestidade e a
fidelidade aos votos conquistados.
Egocentrismo de pessoas
que, equivocadamente, decidem votar neste ou naquele candidato apenas porque
recebeu dele algum favor. Egocentrismo, já que não se dá ao mínimo esforço de
refletir se aquele candidato seria ou não capaz de fazer também algo de bom para uma
coletividade.
Egocentrismo de uns, pois
sabemos dos casos dos que estão preocupados apenas com seu salário durante os
próximos quatro anos, caso sejam presenteados pelos generosos eleitores com uma
cadeira na Câmara.
Ego de outros que
estão e continuarão preocupados somente com a velha máxima “não sou de perder
meu voto”, não tendo coragem de ao menos refletir se o seu candidato da eleição
anterior foi eficiente, e soube honrar a confiança depositada. Ego por não
querer dar o braço a torcer, mesmo desiludido com seu pupilo, e por nem sequer
cogitar em renovar, já que escolhendo os de carreira, não correm risco nenhum
de não verem seu candidato lá.
Fim do período
eleitoral e hoje venceu o coração. Venceu a campanha limpa, para servir de
exemplo ao Brasil, que a confiança do povo se conquista com ética e com
propostas viáveis.
Desta vez, foi o nó,
entalado na garganta por tão grande tempo, que extraído da maneira mais
emocionada de todos os tempos, tomou a cena. E essa vitória do coração tem tudo
a ver com atitudes de esquecimento, desvalorização e tratamento desigual entre
o que é um centro e o que é uma periferia.
Para ficar mais clara
essa questão, vou recorrer à geografia.
Quando eu era
criança, aprendi na escola como se usava uma bússola. A professora mostrava
naquele aparelhinho, uma pequena haste e dizia que ela sempre apontava para o
norte. Depois do exercício de localização, nossa mestra nos explicava que
daquela forma os navegantes, os viajantes e qualquer pessoa podiam se orientar.
Note que no trecho
acima apresentei dois pontos cardeais, o norte e o oriente, que conhecemos pelo
simpático nome de leste.
Percebe aonde quero
chegar?
Venceu o coração,
pois durante anos, minha cidade querida viu seu norte esquecido e seu leste
pouco valorizado. Daí a analogia que faço de uma cidade rica, mas desnorteada,
de uma cidade próspera, porém desorientada.
A cidade está linda,
tem jardins maravilhosos, tem belos paisagismos. Obrigado e parabéns aos que
nos proporcionaram isso. Acho tudo fantástico, maravilhoso, de encher os olhos,
mas há muito tempo ando querendo ver as coisas e ler essas imagens como elas
são realmente, belas.
Só preciso estar
saudável para isso. Minha visão precisa estar boa, meu coração merece ser bem
cuidado, e em resumo, preciso ter ânimo. "E eu teria, - diriam alguns - se a saúde da minha cidade
andasse boa, como eu desejaria andar e pouco faço, visto que meus joelhos doem."
Com a frase célebre
de Mário Lobo Zagalo, o teimoso técnico da seleção brasileira, tetracampeão
mundial, eu caminho para o desfecho deste texto. Ele dizia: “em time que está
ganhando não se mexe”.
Hoje, o teimoso, mas
sábio povo da minha cidade decidiu mexer no time. Apesar do ego de uns e do egocentrismo de outros,
avançamos um pouco. Um terço da câmara ao menos foi renovada. E ainda em referência à frase de Zagalo, o povo trocou também o técnico.
Parabéns ao vencedor
deste embate, o valoroso combatente, que nos trará dias melhores. Dias de
sensibilidade às verdadeiras e prioritárias necessidades do ser humano. Dias de
saúde em todos os sentidos, física, mental, espiritual e social.
Um brinde ao povo de
São José! Batamos as taças e digamos: “a nossa saúde”!
© Outubro/2012 - Carlos
José dos Santos