No capítulo de estréia, um incêndio terrível toma conta
do Hospital e Maternidade Luz. Felizmente, os bombeiros são rápidos e conseguem
retirar todos os enfermos de dentro, dando prioridade para crianças e idosos.
Todos são salvos, mas o hospital vira cinzas. Quatorze anos depois, no Colégio Gabaritando,
as becas de formatura chegam a escola para delírio dos estudantes do 9º ano. O
Colégio é dividido em dois blocos: Bloco A, onde estudam somente crianças de
até 10 anos, e Bloco B, onde estudam os adolescentes de 11 a 14 anos. Letícia e
Valquíria estudam no Bloco B e se entristecem ao pensar que o ano está acabando
e terão que se despedir de tudo. Para Carlinhos, irmão de Letícia, tudo está no
começo. Ele frequenta o 1º ano do Ensino Fundamental, no Bloco A.
CENA 1 – ESTACIONAMENTO
DO COLÉGIO/BLOCO B – EXT./DIA
De mãos na cintura o Diretor para diante dos alunos e
dos promotores da formatura. Garotos e garotas se espalham, tomando distância
da situação. Jeferson e Pablo ficam estáticos. O diretor cobra explicações.
Enquanto isso os promotores da formatura esvaziam a perua.
DIRETOR ANSELMO
Senhores Jeferson e Pablo, não
poderiam ser outros os líderes da bagunça, não é mesmo?
PABLO
Mas que bagunça, Diretor? Não aconteceu nada aqui?
DIRETOR ANSELMO
Pois se não aconteceu nada,
expliquem para mim, o que foi que eu vi da minha sala?
JEFERSON
Apenas um acidente. Nós vínhamos e
eles iam. Não deu tempo de frear. Foi um encontrão.
DIRETOR ANSELMO
Eu já não os adverti sobre essas correrias?
Uma
música instrumental toca. É sinal de regresso do intervalo para a aula.
DIRETOR ANSELMO
Obviamente, não é
necessário dizer que o intervalo acabou e que está na hora de voltar às salas
de aula, não é mesmo?
Recolhem-se todos para as classes, comentando sobre a
chegada das becas. Sabem que sairão a qualquer momento para tirarem fotos. O
Diretor estende a mão em cumprimento aos visitantes com pedidos de desculpas.
DIRETOR ANSELMO
Seja o que for que tenha
acontecido, peço mil desculpas, senhores. Canso de falar a esses alunos que evitem
as correrias.
CLEBER
Tudo bem, senhor diretor. Já fui moleque e sei como são
essas coisas.
CRISTIANO
Estão muito ansiosos pelo baile de
formatura. Também senti isso quando terminei o fundamental.
DIRETOR
Mas
me acompanhem, convido-os para tomar um cafezinho na minha sala e aproveito
para indicar a sala onde podem fazer as fotos dos formandos.
CLEBER
Obrigado, senhor. Será um prazer.
CENA 2 – JARDIM DO
COLÉGIO/BLOCO B – EXT./DIA
O banco em que Letícia e Valquíria estão sentadas ficam
do lado oposto do estacionamento. Elas estão alheias ao incidente ocorrido por
lá.
VALQUIRIA
Não fique brava, Val. Foi só uma brincadeira para
descontrair.
SORAIA
Todos estão muito
animados com a formatura, mas vocês duas parece que não.
LETÍCIA
Estamos também. Mas é que no momento estou com
uns problemas. Não dá pra ficar alegre a todo tempo.
LUÍZA
Então tá bom. Estamos indo pra lá. Tchau.
VALQUÍRIA
E obrigado por nos avisar.
Luíza e Soraia seguem
em direção ao lado mais animado.
CENA 3 – RUAS DA
CIDADE – EXT./DIA
A mãe de Letícia, Dona Eleonora caminha pelas ruas da
cidade. Procura emprego. Precisa ajudar o marido no orçamento da casa. Entra em
uma dúzia de lojas, nenhuma tem vaga. Desanimada segue a calçada até o ponto onde
há um semáforo. Decide atravessar embora não sabe há quanto tempo o sinal está
fechado. Estando no meio da faixa, o sinal muda verde. Os motoristas avançam.
Dona Eleonora só tem tempo de soltar um grito, quando um carro vermelho, muito
novo a atinge. Bagunça no trânsito. Uma mulher está caída. Desespero da
motorista do carro vermelho que chora desesperada, andando de um lado pro outro,
pedindo ajuda. Uma multidão se aglomera até ouvirem o som das sirenes da
viatura de resgate.
CENA 4 – TERREIRO
DO COLÉGIO/BLOCO A – EXT./DIA
Colégio Gabaritando, Bloco A, instalações do Ensino
Fundamental I, é hora de intervalo para a turma de Carlinhos, irmão de Letícia.
Ele brinca inocentemente com seus amiguinhos o esconde-esconde. É sua vez de tapar
a cara. Carlinhos caminha até a sua árvore preferida e inicia a contagem. Deve
contar até cem, mas no 10 os outros garotos já desaparecem.
CENA 5 – AVENIDA –
EXT./DIA
Avenida movimentada. Local do acidente. Dona Eleonora é
socorrida pelos paramédicos. A motorista, uma jovem senhora aflita não pára de
digitar números no celular, enquanto anda de um lado para o outro aos prantos.
É Zuleica, a mais rica senhora do bairro, dona das dez lojas de R$1,99 da
região. Uma jovem senhora, alta, magra, bonita, de 40 anos, exibindo seus
cabelos pretos naturais e o belo par de olhos negros.
ZULEICA
(Muito tensa) Atende! Atende! (Pausa) Caixa postal, não é possível! (Tenta ligar de novo) Atende, por
favor! (Pausa) (Alguém atende do outro
lado) Ah, Sandro, graças a Deus! Não me pergunte nada... escuta.... não...
escuta, homem! Anota aí o endereço que vou passar e venha pra cá agora, por
favor. Aconteceu uma coisa horrível! Eu atropelei uma mulher... vai, pega logo
uma caneta... pronto? Anota aí...
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