Capítulo 4



No capítulo anterior, enquanto Valquíria está na sala de leitura, apresentando o trabalho solicitado pelo Prof. Cido, seus pais correm ao hospital para prestarem ajuda à mãe de Letícia, que foi acidentada. Letícia está atenta ao trabalho e nem imagina que o hospital entrava em contato com a vizinha para dar notícia da entrada de sua mãe no pronto-atendimento. O pai de Letícia, Ronaldo, após ser avisado do ocorrido pela mesma vizinha corre para lá, chegando desesperado.


CENA 1 – COLÉGIO/BLOCO B - SALA DE LEITURA – INT./DIA

Pablo, Valquíria e Soraia passam o livro Cyrano de Bergerac no círculo. Um a um, vão olhando, enquanto ouvem o discurso dos três adolescentes sobre a história. A turma se mostra muito interessada e, numa ocasião ou outra, dão risinhos e cochicham comentários sobre o assunto.

             PABLO
             Como eu ia dizendo, o nome do autor da peça que lemos é Edmond Rostand, um escritor francês.

VALQUÍRIA
A peça foi escrita em 1887, inspirada na vida de Hector Savinien de Cyrano de Bergerac, um espadachim que teria participado de mil duelos.

             LUNA
             Nossa! O duelo era algum tipo de esporte da época?

             SORAIA
             Não. Era uma forma de as pessoas acertarem suas diferenças umas com as outras.

             JEFERSON
             Cada época com sua mania. Hoje nós acertamos nossas diferenças com socos e bicudas!

                   Riso geral.

             LETÍCIA
             Só que muitas vezes, vocês partem pra violência por motivos muito bobos.

             PROF. CIDO
             E vocês acham que existem motivos inteligentes para se partir para uma briga?

             LETÍCIA
Nenhum motivo deveria levar as pessoas a partirem para a ignorância. Não é melhor resolver as coisas no diálogo?

LUÍZA
Falou a Santinha da turma! Se o tal Bergerac partia pro duelo era porque tinha bons motivos para isso!


CENA 2 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ – INT./DIA

Entra e sai de médicos e enfermeiros. Pacientes em macas chegam a todo instante. A atendente acalma Ronaldo. Na poltrona, Sandro e Zuleica fixam os olhos em Ronaldo, enquanto ele é acalmado pela atendente.

ATENDENTE
Fique calmo, Senhor Ronaldo! Já faz um tempo que ela entrou. Logo, logo o médico vem falar com os familiares.

RONALDO
Familiares? Mas só estou eu aqui.

ATENDENTE
E aqueles dois ali? Não são parentes do senhor ou da sua esposa?

RONALDO
Por certo que não. Nem conheço eles.

ATENDENTE
Então deve ser outra paciente que estão procurando. Por que o senhor não senta-se naquela poltrona? (Aponta outra poltrona no meio da sala)

RONALDO
Vou esperar de pé mesmo. Tô muito nervoso pra ficar sentado. Esses barbeiros idiotas que não sabem dirigir deviam ficar em casa ou andar de ônibus. Se eu pego o criminoso...


CENA 3 – COLÉGIO/BLOCO B - SALA DE LEITURA – INT./DIA

A roda de conversa sobre o livro lido pela turma continua. O professor faz cara de satisfeito com a pesquisa realizada. Mostra-se interessado pela obra escolhida pelo grupo de Pablo. A turma fica em silêncio.

PABLO
Os motivos dos homens para a luta naquela época eram por fortes emoções. Defender a honra, por exemplo.

JEFERSON
E que motivo tão forte teria esse tal de Cyrano de Bergerac para chamar tanta gente pro duelo assim?

VALQUÍRIA
Ele duelava para se vingar dos que o insultavam por causa de seu narigão. E olhe que ele vencia todas as disputas, hein!

Gargalhada geral. Neste momento todos olham apontando para o nariz de Jeferson.

JEFERSON
Que foi macacada? Vão zoar comigo agora por causa do meu nariz? (Protege o nariz)

PROF. CIDO
Ainda bem que o Senhor Jeferson não tem uma espada agora ou chamaria a todos para um duelo.

(Rindo)

JEFERSON
Se eu fosse esse valentão das espadas aí eu queria ver quem ia rir de mim. Cambada de imbecis!
           
SORAIA
Relaxa, Jeferson! Foi só uma brincadeira. Deixa a gente continuar.

VALQUÍRIA
Na peça de Edmond Rostand aparecem outros personagens como Roxane e Christian. A história envolvendo os dois foi inventada, mas o nome da moça foi escolhido para homenagear a prima de Bergerac.

LUNA
Quer dizer que a peça não conta a história do espadachim?

PABLO
Sua verdadeira história não. É uma história inventada, baseada em alguns detalhes, como os duelos e personagens que levam os nomes de seus parentes e amigos reais.

LETÍCIA
Nossa! Fiquei muito curiosa agora. Conta logo essa história pra gente!

PROF. CIDO
Sim. Eles vão contar como é a peça, mas na próxima aula...

TODOS
(Desanimados) Ahhhh!

PROF. CIDO
Eu também estava gostando do papo, turma, mas temos apenas um minuto pra arrumar esta sala. Vamos, quero ver todo mundo ajudando.

Ajudam a organizar a sala. Soa o sinal musical da escola. Era chegado o fim da aula. Os alunos um a um se despedem do professor. Depois saem conversando sobre o assunto da aula de leitura.

CENA 4 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ – INT./DIA

Na outra poltrona, Sandro e Zuleica ficam incomodados com o nervosismo de Ronaldo. O homem não para no lugar exibe uma cara de raiva. Sandro e Zuleica conversam, assustados com o comportamento do marido agitado.

ZULEICA
Você ouviu, Sandro? O homem tá uma fera com quem atropelou a mulher dele. Coitado do motorista se aparecer por aqui agora.

SANDRO
Você não se deu conta de que o motorista barbeiro de quem ele está falando pode ser você?

ZULEICA
Que é isso, Sandro? Deu pra me ofender, agora!

SANDRO
Não estou te ofendendo, amor. Só lembrando que a mulher dele pode ser a que você atropelou...

ZULEICA
(Assustada) Nossa! Estou tão atordoada que não havia pensado nisso. Que vamos fazer?

SANDRO
Acho melhor a gente ficar bem quieto. Se a mulher que estamos procurando for a esposa dele, é  bem capaz do homem partir pra cima da gente.

ZULEICA
Mas se a gente falar que está aqui pra ajudar.

SANDRO
Nervoso do jeito que está, acha que ele vai nos escutar?

Subitamente, Zuleica começa a procurar algo dentro da bolsa.

ZULEICA
Sandro, você viu onde eu coloquei o celular? Espera... Acho que o deixei lá no carro.

SANDRO
Quer que eu vá buscá-lo pra você?

ZULEICA
Não. Eu mesmo vou lá. Assim penso no que fazer.

Zuleica levanta-se. Caminha em direção a Ronaldo, que anda de um lado para o outro. Passa por ele, preocupada. 


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