Capítulo 7


No capítulo anterior, Sandro deixa Zuleica no hospital e vai buscar Valquíria no colégio. Enquanto isso, a garota, cansada de esperar resolve ir a pé para casa. Nisso, é sequestrada por dois homens mal encarados que a levam num carro preto, não percebendo que a mochila da garota havia caído no chão. Sandro chega ao colégio e conversa com o diretor. Este informa que os estudantes do período da manhã já haviam saído, restando ao pai de Valquíria ir procurá-la em casa. Na casa de D. Vânia, Carlinhos está irritado e não deseja falar com ninguém. Nem mesmo com Débora, com quem brincava e fazia a lição de casa todos os dias. No hospital, Ronaldo aproxima-se de Zuleica e eles acabam relembrando o incêndio que aconteceu há 14 anos naquele local. Falam dos bebês salvos pelos bombeiros e descobrem ter filhas que nasceram naquele mesmo dia.


CENA 1 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ/RECEPÇÃO – INT./DIA

                   O médico traz informações sobre a última paciente a dar entrada no hospital.

                               MÉDICO                
               Alguém da família da senhora Eleonora Alves Nascimento.
                  
               RONALDO
                               Eu, eu... sou o marido dela. Como ela está, doutor?
                  
               MÉDICO                
               Fique calmo, senhor...
                  
               RONALDO            
            Ronaldo. Meu nome é Ronaldo.

                               MÉDICO
                               Fique calmo, senhor Ronaldo. Sua esposa passa bem. Vai ficar engessada, pois fratura uma perna...

                   Da poltrona, Zuleica esboça um sorriso, fazendo figa para que esta seja a pessoa a quem atropelou.

                               RONALDO            
Se não é nada grave, por que demorou tanto, doutor?

                               MÉDICO                
                               É que ela bateu a cabeça e ficou desacordada.

            RONALDO            
            (Chacoalhando o médico pelos ombros)
            Ela já vai poder ir embora, não vai? Diz que vai, doutor!

            MÉDICO
Calma, calma. Vai, mas não já. Terá que esperar mais umas quatro horas. Ela ainda está em observação por ter batido a cabeça.


CENA 2 – CALÇADA NO CENTRO DA CIDADE – EXT./DIA

Um rapaz aparentando uns 25 anos, com uma pasta em uma das mãos, aparece caminhando apressadamente. A certa distância avista a mochila rosa de Valquíria. Avança mais rápido em direção ao objeto. Aproximando-se, abaixa, examina o material.

            JOVEM  
            É a mochila de um estudante.

                   Abre a bolsa. Retira um caderno. Olha.

            JOVEM  
Mas como alguém consegue perder uma mochila, e ainda por cima com todo o material dentro? A menos que tenha jogado aqui, de propósito... Ou teria sido vítima de bulling. Deve pertencer a algum estudante do Colégio Paulo Freire que é para onde estou indo. Só pode ser de lá, pois é o único que fica próximo daqui.

                   O jovem continua a caminhada. De longe avista o diretor Anselmo abrindo o portão do colégio.

            JOVEM                  
            (Grita)
            Senhor, por favor! (Corre)
               
                   Anselmo espera o jovem do lado de fora, ainda na calçada.

            DIRETOR               
            Pois não? É comigo?

            JOVEM                  
            Sim, senhor. (Apresenta a mochila) Talvez isto pertença a algum estudante deste colégio.

            DIRETOR               
             (Pegando a mochila)
              Pode ser, mas onde estava?
           
            JOVEM
            Encontrei na calçada há uns duzentos metros daqui.

                            DIRETOR
(Abrindo e examinando a bolsa)
Hummm, deixe ver. Valquíria. Eu tenho sim algumas estudantes com esse nome. Mas de qual delas será? Não tem o nome completo aqui.

                            JOVEM  
                            Bom. Está entregue.

                            DIRETOR               
                            Obrigado, jovem. Agora com licença que tenho mais um turno de trabalho.

                            JOVEM  
                            Não é só isso. Preciso falar com o diretor do colégio.

                            DIRETOR               
                            Ora, que cabeça a minha. Nem me apresentei. Diretor Anselmo ao seu dispor.

                            JOVEM  
                            Que bom. Eu sou Analista de Sistemas e vim propor um projeto de informática para o colégio.

                            DIRETOR               
                            Que maravilha! Vamos até meu gabinete. Lá conversaremos melhor.

               
CENA 3 – CASA DE DONA VÂNIA/SALA – INT./DIA

Dona Vânia está na sala de estar vendo televisão com a neta.

VÂNIA                   
            Que carinha mais tristinha é essa?

            DÉBORA               
            Será que Carlinhos vai voltar a falar comigo, vovó?
           
            VÂNIA                   
            Claro que vai, querida! Isso vai passar!

            DÉBORA               
            Mas a gente poderia brincar, assim ele se distraía...

            VÂNIA                   
            Ele não quer se distrair, pelo jeito. Quer pensar em tudo que está acontecendo.

            DÉBORA               
            Mas será que ele tá achando que eu tenho culpa. Ele foi muito mal-educado comigo.

                            VÂNIA   
            Não. Isso foi uma reação nervosa. Você vai ver. Já, já ele entra por aquela porta pedindo desculpa.

            DÉBORA
(Fazendo o gesto de pequeno com os dedos)
Posso dar uma olhadinha assim, pela janela pra ver o que ele está fazendo?

            VÂNIA   
            Claro, mas não deixa ele perceber ou vai ficar bravo com você.

D. Vânia vai para a cozinha. Débora caminha pela sala até a janela. Ela olha em direção ao pezinho de limão. Carlinhos não está lá. Débora sai para procurá-lo pelo quintal. Volta, instantes depois, desesperada.

            DÉBORA
            Vovó! Vovó!

                   D. Vânia, limpando as mãos num pano de prato, volta correndo para a sala a ver o que estava acontecendo.

            VÂNIA                   
            Que foi menina? O que aconteceu?

            DÉBORA                               
            Carlinhos não está mais lá embaixo do pezinho de limão. Ele sumiu.

            VÂNIA                   
            Não pode ser. Faz o seguinte. Vai até o quintal e procure. Ele deve estar em outro canto.

            DÉBORA               
            Já olhei por toda a parte. O Carlinhos não está em lugar nenhum.



CENA 4 – HOSPITAL E MATERNIDADE LUZ/RECEPÇÃO – INT./DIA

Zuleica respira aliviada. Levanta-se, dá uma volta. Volta por lugar. O médico sai. Ronaldo volta para a poltrona com mais tranquilidade.

            ZULEICA
            Que bom que sua esposa está bem!
                           
            RONALDO            
            É. Não aguento mais ficar aqui com minhas lembranças.
                           
            ZULEICA
            Eu também.

            RONALDO            
Espero que sua amiga também esteja bem. Se bem que até agora nenhum médico veio pra falar dela, né?
           
            ZULEICA
            É. Já estou ficando preocupada.
           
            RONALDO            
            Com a sua amiga?

            ZULEICA
            Não. Com minha filha!

            RONALDO            
            Ué. A senhora não disse que era uma amiga que estava internada?

            ZULEICA
Pois é, foi isso que eu disse. Mas agora eu estou falando da minha filha que está no colégio me esperando. Meu marido foi lá buscá-la, mas tá demorando demais pra voltar.

            RONALDO            
            A sua amiga deu entrada aqui quando, hoje?

            ZULEICA
            Sim. Faz uma hora.

            RONALDO            
Então entrou junto com a minha mulher. Faz uma hora. Eu lembro que eu tinha acabado de sair pro almoço quando me telefonaram daqui.

Zuleica começa a chorar.
               
            RONALDO            
            Que isso, dona? Fica calma. Daqui a pouco o médico volta e vai dar boa notícia da sua amiga.

            ZULEICA
O senhor não sabe como estou me sentindo. Tudo acontecendo ao mesmo tempo. Eu com trauma deste hospital, tendo que ficar aqui sozinha. Meu marido que demora pra chegar com minha filha. E ainda tem a mulher que eu atropelei...

            RONALDO            
            O que foi que a senhora disse?



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